Impacto da pandemia COVID-19 na qualidade do sono de estudantes

A pandemia de COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, promoveu diversas alterações na rotina das pessoas, entre eles estudantes universitários e escolares. Com isto, o bem-estar físico e mental foi afetado, mudando até mesmo a forma de socialização das pessoas. O próprio estresse ocasionado pela pandemia, associado ao uso excessivo de tecnologias de informação e comunicação, implicou de maneira direta na qualidade do sono, trazendo uma menor duração e alteração do ritmo circadiano.

Um recente trabalho do NARSM avaliou o impacto da pandemia de COVID-19 na qualidade do sono de estudantes, através de uma meta-análise e meta-regressão.

Uma busca eletrônica foi realizada nas seguintes bases de dados: EMBASE, LILACS, Pubmed/Medline, Scopus, Web of Science e literatura cinzenta (Google Scholar e Proquest). foram recuperados estudos observacionais que avaliaram a qualidade do sono através de ferramentas validadas, comparando o período pré e pós-pandemia. O risco de viés foi avaliado utilizando a ferramenta de avaliação do instituto Joanna Briggs, e a certeza da evidência foi avaliada pela ferramenta GRADE. Através dos dados obtidos dos artigos incluídos, foi realizada uma meta-análise. Para avaliar a heterogeneidade das estimativas (diferença dos resultados entre os estudos), a taxa de desemprego de cada estudo incluído foram coletadas através dos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). 

Após aplicar o processo de seleção, dezoito estudos foram incluídos na revisão sistemática. Foi observada uma piora na qualidade do sono dos estudantes, durante o período de pandemia. A taxa de desemprego no país de onde os dados foram coletados explicou mais da metade da heterogeneidade entre os resultados dos estudos (55%), revelando que quanto maior a taxa de desemprego do país, pior a qualidade do sono.

De acordo com o estudo, os fatores socioeconômicos foram considerados um agravante para o aumento das anomalias do sono. A diferente realidade socioeconômica dos diferentes países que originaram os estudos da revisão, geraram a heterogeneidade entre os resultados. As populações mais pobres, foram listadas como indivíduos mais susceptíveis a exacerbação dos distúrbios do sono. De acordo com os autores, a realidade socioeconômica do país, avaliada pela taxa de desemprego foi um importante preditor para a qualidade do sono dos estudantes.

As populações mais pobres, foram listadas como indivíduos mais susceptíveis a exacerbação dos distúrbios do sono



Os autores concluem que o período de exposição a pandemia afetou negativamente a qualidade do sono em estudantes escolares e universitários, contudo a evidência sobre o assunto ainda é incerta. A realidade socioeconômica deve ser considerada quando avaliado este desfecho.

Quer ler o artigo na íntegra?

Corrêa CC, Martins AA, Taveira KVM, et al. Impact of the COVID-19 pandemic on the sleep quality of students: A meta-analysis and meta-regression [published online ahead of print, 2023 Feb 20]. Behav Sleep Med. 2023;1-19. doi:10.1080/15402002.2023.2180005

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *